Muitos empreendedores não compreendem de forma clara o papel e a importância de se estar atento aos bens de inventário da sua empresa. Todos os bens perdem valor ao longo de seu uso e esse valor perdido pode influenciar o resultado econômico e financeiro da atividade empresarial.
Neste artigo, temos um objetivo, caro leitor, informar a você sobre a importância dos bens do inventário e exemplificar alguns métodos de se efetuar a depreciação de bens do inventário, para manter o controle do seu capital.
1. Entenda o que é o inventário de ativo imobilizado.
O Inventário de Ativo Imobilizado, para efeito de custos de produção, é composto por: todos os bens que você possui, que são necessários para o desenvolvimento de suas atividades produtivas e que sirvam a estas atividades por período superior a um ano.
Podemos citar como exemplo de bens do Inventário de Ativo Imobilizado: tratores, implementos agrícolas, colheitadeiras, galpões, alojamentos, banheiros de gado, bretes, etc.
Um ponto fundamental, uma vez que estes bens servem às atividades produtivas por vários anos, seus custos de aquisição e/ou construção deverão ser apropriados às atividades produtivas ao longo de todos os anos nos quais o bem for útil.
Veja um exemplo:
Você comprou um Colheitadeira por R$ 270 mil, e essa Colheitadeira começará a ser utilizada no ano da compra em sua lavoura de soja. Não é correto associar todos os custos da compra do bem na safra de sua compra, pois esta safra não consumiu toda a máquina, que será útil também em várias outras safras à frente, portanto seu custo deverá ser apropriado às atividades produtivas ao longo de todos os anos nos quais o bem for útil.
2. Conheça e entenda a vida útil de seus bens.
É necessário conhecer ou estimar em anos, a vida útil de cada um dos bens utilizados. Este valor deverá ser sempre estimado e, por isso, nem sempre pode espelhar a realidade de forma precisa.
Observe alguns exemplos de vida útil:
Estamos pisando aqui em um terreno que não é firme, devido ao fato de trabalharmos com dados estimados, por isto, é importante pegar dados de entidades importantes e idôneas, que reflitam da melhor forma possível a realidade do dia-a-dia.
Em caso de se avaliar a vida útil de um bem em 10 anos e este durar 7 ou 15 anos, então será necessário fazer ajustes especiais, considerando a perda para bens que duram menos e apenas os custos de manutenção para equipamentos que durem mais do que sua vida útil conjecturada.
3. Aprenda sobre tipos de cálculos de depreciação.
Uma vez estipulado a vida útil e o valor do bem, temos agora que fazer a divisão de seu valor ao longo de sua vida útil. A esta divisão é dado o nome de depreciação, que nada mais é do que a perda de valor do bem à medida em que ele é utilizado ao longo do tempo.
Como a perda de valor do bem é devido ao seu emprego junto às atividades produtivas, este valor de depreciação deve ser apropriado como custo na cadeia de produção.
É importante ressaltar que ao final do período estipulado para utilização do bem, pode haver o valor residual, que nada mais é que o valor do bem ao final de sua vida útil, ou seja, o que ainda vale um bem com a vida útil estimada: “valor da sucata”. Este valor, assim como a Vida Útil do bem, deve ser determinado antes de começarmos a deprecia-lo, pois o Valor Residual deverá ser descontado proporcionalmente das cotas de depreciação a serem calculadas.
Neste artigo será demonstrado os seguintes Métodos de Depreciação: Cotas Constantes, Cotas Variáveis e Soma dos Dígitos.
Método das Cotas Constantes:
O valor do bem é depreciado ao longo de toda a sua vida útil de forma igual. Este método de depreciação deve ser utilizado para bens que sejam igualmente úteis às atividades produtivas às quais servem ao longo de suas vidas, como um galpão de alvenaria, construído para armazenar máquinas.
Exemplo:
Bem: Galpão de alvenaria
Vida útil: 35 anos
Valor total do bem: 70.000
Cota Anual de Depreciação: 2000 (70.000/ 35)
Método das Cotas Variáveis:
Este método deprecia os bens em cotas maiores nos primeiros anos de sua vida útil e prevê valor residual. Este método deve ser utilizado para aqueles bens que não irão apresentar o mesmo grau de aproveitamento, ao longo de toda a sua vida útil, como por exemplo um trator em que com o passar dos anos passa a ter sua taxa de utilidade diminuída.
Cota anual= 2* valor/ vida útil total
Exemplo:
Bem: Trator John Deere
Vida útil: 10 anos
Valor de reposição: 8.000
Método da Soma dos Dígitos:
Sua diferença em relação ao método anterior, está na fórmula utilizada para o cálculo das cotas que serão menores nos primeiros anos. Este método não prevê valor residual. Assim como nas Cotas Variáveis, este método deve ser utilizado para bens que tenham a sua taxa de utilidade diminuída com o tempo, isto é, ofereçam menos serviço à atividade à medida em que vão se desgastando.
Cota anual= (vida útil do bem + 1) X valor de reposição/ vida útil X ( (vida útil + 1)/ 2)
Exemplo:
Bem: Trator John Deere
Vida útil: 10 anos
Valor de reposição: 8.000
Atualmente a depreciação tem como principal objetivo registrar o desgaste gerado pelos bens por seu uso ou perda da utilidade. Em nosso contexto atual, a legislação obriga somente as empresas tributadas pelo Lucro Real a reconhecerem a depreciação.
Quando se conhece a depreciação de seus bens, a entidade pode se beneficiar, pois, ao ser contabilizada como despesa irá reduzir o lucro contábil, o valor de IR e o CSLL para as empresas tributadas pelo Lucro Real.
Por fim, entende-se que depreciação é uma proteção necessária para o empresário (produtor) que investiu seu dinheiro na atividade produtiva, e que precisa manter seu capital total ao longo do tempo. Observa-se aqui, portanto, que este é um ítem importante a compor o custo de produção a ser considerado, já que sem o cálculo adequado e reserva da depreciação, o produtor tende a perder seu capital. E é isso que devemos evitar. É para isso que serve a concepção de depreciação.
Referências Bibliográficas:
ANTUNES, L. M. ; ENGEL, A. Manual de Administração Rural: Custos de Produção; Guaiba: Agropecuária, 1994.
MARTINS, E. ; Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2003.